Pessimismo ficou? Disparada em Wall Street teve baixa liquidez e corrida de vendidos
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“O rali foi agravado por fatores técnicos e cobertura de shorts, dada a forte liquidação observada desde 2 de abril”, disseram analistas do JPMorgan liderados por Andrew Tyler. Eles alertaram que a visibilidade para os investidores segue muito baixa, com risco de nova escalada na guerra comercial entre EUA e China e tarifas adicionais em setores como farmacêutico e semicondutores ainda no radar.
Cerca de 30 bilhões de ações foram negociadas nas bolsas americanas na quarta-feira — o maior volume já registrado, segundo dados da Bloomberg que remontam há quase 17 anos. Na semana anterior, os hedge funds haviam apostado contra produtos macro dos EUA, como índices e ETFs, no maior volume semanal da série histórica. Na quarta-feira, a cesta do Goldman Sachs com os papéis mais vendidos disparou mais de 12%, superando o avanço do S&P 500.
“Gestores de ativos encerraram o dia com compras líquidas superiores a US$ 13 bilhões, após correrem atrás da alta e recompraram muitos ativos recentemente vendidos — beneficiários de IA, semicondutores, megacaps e setores cíclicos específicos”, afirmou Michael Nocerino, especialista em negociação do Goldman Sachs, em nota a clientes. Segundo ele, os fluxos de venda em produtos macro acumulam alta de 42% no ano. “Vimos cobertura agressiva de shorts e compras direcionadas em tecnologia.”
Apesar de o pior cenário — uma guerra comercial total — ter sido evitado por ora, o ambiente segue volátil. O estresse não desapareceu do mercado. A volatilidade recua rapidamente, mas a liquidez segue tão fraca que movimentos extremos, como o de ontem, permanecem possíveis, especialmente em um mercado guiado por manchetes sobre comércio. A curva do VIX, por exemplo, ainda se mantém em zona de estresse.
“A recuperação das ações reflete uma combinação de investidores especulativos cobrindo posições vendidas; menor temor de recessão e estagflação; e otimismo de que as tarifas finais serão mais baixas do que as ameaçadas atualmente”, disse Bill Adams, economista-chefe do Comerica Bank.
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Segundo ele, as empresas se sentem aliviadas diante da possibilidade de uma política comercial menos disruptiva do que se previa no início da semana. Ainda assim, Adams alerta para a elevada incerteza regulatória que deve pesar sobre os investimentos nos próximos meses. “Além disso, tarifas de 125% sobre importações chinesas serão um grande problema para muitas companhias, caso se mantenham”, afirmou.
Economistas do Goldman Sachs retiraram imediatamente sua projeção de recessão, mas o cenário para as empresas ainda é desafiador. Analistas já começam a embutir impactos nos lucros antes do início da temporada de balanços do primeiro trimestre, nesta sexta-feira. Um indicador do Citigroup que mede revisões de lucros — altas versus cortes — despencou nos EUA e na Europa, aproximando-se do piso de cinco anos, embora ainda sem sinalizar recessão.
O nervosismo tomou conta dos mercados financeiros. Além da liquidação das ações, o dólar perdeu força e os Treasuries enfrentaram distorções, alimentando apostas de que o Federal Reserve pode intervir. No geral, ativos americanos têm sido vendidos de forma agressiva, enquanto projeções de crescimento global passam por reprecificação.
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