O que revelou a necrópsia de um filhote de mamute de 130 mil anos
Um filhote de mamute passou os últimos 130 mil anos congelado no permafrost siberiano. Agora, os restos mortais desse bebê pré-histórico, apelidado de Yana, foram examinados de perto por cientistas russos. A necrópsia descobriu mais detalhes sobre o espécime de mamute mais bem preservado já encontrado.
Yana tinha cerca de um ano quando morreu na Sibéria. O fóssil foi revelado em dezembro de 2024, com sua parte da frente do corpo praticamente intacta. Ela parecia um bebê elefante, com tromba pequena e sem pelos longos. Para examinar o espécime único, os cientistas fizeram uma necrópsia, o procedimento médico que examina um cadáver para analisar a causa de morte e possíveis doenças ou ferimentos (o mesmo que autópsia).
A cirurgia durou algumas horas, e aconteceu em março no Museu do Mamute na Universidade Federal do Nordeste da Rússia, na cidade de Yakutsk. A operação foi noticiada pela Agência France-Presse (AFP).
O fóssil de Yana só foi descoberto por causa do clima: o permafrost russo, solo que deveria ficar permanentemente congelado, está derretendo. Foi assim que a carcaça da filhote apareceu. Com esse degelo, a bebê mamute quase saiu rolando ladeira abaixo, não fosse seu traseiro, que continuou preso ao nem-tão-perma-assim-frost.
O que descobriram no exame
Segundo os cientistas que examinaram o animal, os restos mortais de Yana tinham cheiro de terra fermentada e carne (o que não é exatamente uma surpresa). A carcaça tem 1,2 metros de altura até o ombro e pesa cerca de 180 kg.
A cabeça e o tronco estavam intactos, e os pesquisadores conseguiram localizar as presas de leite da pequena mamute. Sim, de leite: como os dentes humanos, as presas também eram trocadas quando um mamute amadurecia. Além disso, eles também conseguiram identificar os órgãos internos de Yana, em bom estado de preservação.
O estômago estava preservado, junto de partes do trato digestivo. Eles também conseguiram alguns fragmentos do intestino, especialmente do cólon (parte central do intestino grosso), e até coletaram algumas amostras da última refeição de Yana.
Todas as amostras coletadas ainda não foram analisadas em laboratório. Os cientistas esperam encontrar bactérias raras e uma pintura melhor do ecossistema em que Yana vivia a partir das plantas que ela consumia.
Apesar da necrópsia normalmente servir para determinar a causa de morte de alguma pessoa ou animal, os pesquisadores russos ainda não sabem porque Yana morreu tão jovem. O que dá para ter certeza é que não foi culpa dos Homo sapiens: nossa espécie só chegou na Sibéria há cerca de 30 mil anos.
Fonte: Super