Estrangeiros voltam a sair da B3 após bom 1T: o que explica e por que podem voltar?
Contudo, os dados de abril são negativos até agora, levantando preocupações em meio ao aumento de um movimento aversão ao risco nos mercados globais, após o anúncio de tarifas pelo governo Trump e o aumento dos temores de recessão nos EUA.
“Olhando à frente, seguimos vendo o Brasil como potencial vencedor relativo nesse cenário global. Por outro lado, uma guerra comercial prolongada pode gerar uma desaceleração mais forte ou até recessão nas economias dos EUA e global, o que provavelmente afetaria negativamente ainda mais os fluxos estrangeiros para o Brasil”, apontam Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head de research da XP, e equipe, que assinam o relatório.
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Em abril de 2025, até o dia 11, o saldo de capital externo na Bolsa, já considerando os aportes via IPOs e Follow-Ons, mostrava uma retirada líquida de R$ 8,67 bilhões — o maior valor mensal desde abril de 2024, quando o fluxo também havia sido negativo, segundo levantamento feito pela consultoria Elos Ayta.
Para o JPMorgan, a rotação para mercados emergentes está fora de questão por enquanto, especialmente porque vê a China, que representa 30% dos mercados emergentes, sendo a principal protagonista da guerra comercial.
“Enquanto os mercados não se estabilizarem, o clima será de aversão ao risco, combinado com a alta probabilidade de uma recessão global, refletindo em grande parte as ramificações de novas tarifas”, avalia a equipe de estratégia do banco.
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No entanto, em meio a tudo isso, o JPMorgan também vê que o Brasil tem uma história positiva para contar. Isso porque: 1) O Brasil produz os mesmos produtos agrícolas que os EUA, exportou mais para a China durante a Guerra Comercial 1.0 e agora o mercado potencial para isso é muito maior; 2) A maior parte das importações brasileiras é de manufaturados, que provavelmente chegarão ao país a preços mais baixos; 3) o Brasil é uma economia fechada, com importações e exportações representando cerca de 25% do PIB. 4) de acordo com o cenário revisado do JPMorgan Chase, o Banco Central do Brasil provavelmente interromperá o ciclo de alta de juros em maio e iniciará a flexibilização em novembro. Além disso, espera-se que as taxas caiam 5 pontos percentuais, para 9,75%. 5) as eleições em outubro de 2026 são um importante gatilho para o mercado.
“Em algum momento, esses fatores entrarão em jogo, mas a aversão ao risco é o cenário provável que prevalecerá nos próximos meses”, aponta a equipe de estratégia. Cabe destacar que a exposição do JPMorgan para o Brasil foi elevada em março (para overweight, ou exposição acima da média) dentro de América Latina, em parte pela atratividade de mercados mais voláteis quando há reacomodação dos fluxos globais.
Em relatório, o Bradesco BBI destacou ver a América Latina bem posicionada para lidar com a aversão a risco do mercado com as tarifas. Olhando para os países da região, o banco aponta que a Argentina (overweight) lidera suas preferências com o afrouxamento de seus controles de capital, abrindo um “triunvirato” de reavaliação de avaliação de múltiplos, recuperação de lucros e catalisadores de inclusão do MSCI. O México (overweight) é um mercado de alto valor, com a redução dos riscos com a relação entre os presidentes do México Claudia Sheinbaum e dos EUA Donald Trump, bem como de empresas resilientes. O Chile (exposição neutra) oferece uma história dupla de reavaliação e recuperação de investimentos, ancorada pelas eleições de novembro.
Já para o Brasil (com exposição neutra do banco), o BBI vê uma lenta redução de risco à medida que a economia começa a esfriar, com o corte de juros no segundo semestre e os catalisadores do ciclo eleitoral se aproximando.
Olhando para ações específicas, em relatório, os estrategistas do Citi ressaltam que, após o grande abalo no mercado de ativos após o “Dia da Libertação” em 2 de abril com o tarifaço de Trump, há oportunidades para o Brasil.
Houve um grande abalo no sistema comercial global, mas o Brasil parece relativamente menos afetado, estando na faixa tarifária mais baixa, de 10% (observando que a pausa nas tarifas anunciada pela Casa Branca em 9 de abril é temporária). Os EUA não têm déficit comercial com o Brasil (comprando 12% das exportações brasileiras), o que coloca o Brasil na faixa tarifária mínima.
“A política externa brasileira tem sido historicamente ‘agnóstica’, mantendo relações políticas e comerciais com vários blocos. Isso, somado às tarifas relativamente baixas que o país enfrenta, nos leva a aumentar a participação de exportadores como MVP, ou players mais valiosos, do mês de abril”, apontam os estrategistas. Em sua carteira, o Citi adicionou Marcopolo (POMO4), ADRs ERJ da Embraer (EMBR3), Bradesco (BBDC4) e Vivara (VIVA3), enquanto removeu Cury (CURY3), Equatorial (EQTL3), Ultrapar (UGPA3) e CCR (CCRO3).
Veja a carteira do Citi para o mês:
Diferença do doméstico X estrangeiro
Enquanto o fluxo estrangeiro é negativo em abril, um movimento contrário acontece entre o investidor doméstico no Brasil.
A XP destaca que os fluxos de investidores domésticos foram negativos em março, com saídas líquidas de R$ 1,6 bilhão no mercado à vista e R$ 6,7 bilhão em futuros.
No entanto, a tendência em abril é positiva até agora, compensando parcialmente as vendas de estrangeiros, com entradas líquidas de R$ 5,6 bi no mercado à vista e R$ 1,4 bilhão em futuros. Os institucionais registraram o 11º mês consecutivo de saídas líquidas no mercado à vista, com R$ 1,4 bilhão, além de saídas de R$ 5,2 bi em futuros. Os dados iniciais de abril são mais positivos, com entradas de R$ 3,3 bi no mercado à vista e R$ 0,8 bi em futuros. Já os fluxos dos investidores pessoa física também foram negativos em março, com saídas de R$ 0,2 bilhão no mercado à vista e R$ 1,5 bi em futuros, acumulando no 1T25 entradas de R$ 1,4 bilhão em à vista e saídas de R$ 1,8 bilhão em futuros. Em abril, seguem positivos até agora, com entradas líquidas de R$ 2,9 bilhões.
A indústria de fundos registrou mais um mês negativo, com resgates líquidos de R$ 5,2 bilhões. Os fundos de ações continuaram sofrendo, com resgates de R$ 8,5 bilhões no último mês, enquanto os fundos de renda fixa registraram entradas de R$ 8,3 bilhões após um fevereiro negativo. Mas o principal destaque foram os fundos multimercados, que apresentaram entradas de R$ 0,6 bilhão — seu primeiro com fluxos positivos desde agosto de 2023.
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