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Como ter renda de até R$ 7,3 mil com dividendos da Petrobras (PETR4)

No 1° trimestre do ano, com o petróleo brent negociando acima de US$ 70 o barril, as perspectivas  para os dividendos da Petrobras (PETR3; PETR4) eram muito otimistas. Analistas e gestores esperavam proventos regulares robustos e até distribuições extraordinárias em 2025.

Mas rapidamente o jogo mudou. Bastaram o tarifaço de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e um anúncio de aumento de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) para o petróleo degringolar para abaixo de US$ 65 e, claro, levar junto as ações da Petrobras para o tombo.

Segundo levantamento  do TradeMap, desde o dia 2 de abril, quando foram anunciadas as tarifas de Trump até o fechamento de 14 de abril,  a Petrobras tinha perdido R$ 80,62 bilhões em valor de mercado. As ações PETR4 caíram 14,70% no mesmo período e, em 2025, acumulam baixa de 12,32%.

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Com a pausa de 90 dias do tarifaço, causou até uma nova animação dos mercados, mas não foi suficiente para retomar os dias dourados da Petrobras.

Para piorar, nesta terça-feira (15) o tombo veio de novo, com o petróleo cedendo após corte nas projeções da Agência Internacional de Energia (AIE). A instituição prevê um crescimento da demanda global de petróleo em 726 mil barris por dia em 2025, ante projeção anterior de 1,03 milhão, citando o impacto das tensões comerciais.

Magda Chambriard, presidente da Petrobras, que disse que já estava na hora de olhar de novo o preço dos combustíveis, provocou um ar de incerteza sobre a política de preços da companhia. E lá foi de novo a Petrobras (PETR4) fechar em queda livre de 2,30%, cotada a R$ 31.

A impressão que fica é de que o investidor da Petrobras não tem mais um segundo de paz. E nesta quarta-feira (16), é dia de decisão importante. É a data-com (data limite) para garantir dois dividendos de R$ 0,35 por ação PETR3 e PETR4, que serão pagos em duas parcelas em 20 de maio e 20 de junho deste ano. Para ter direito ao provento, é preciso manter as ações da petroleira em carteira até o fechamento de hoje. A partir de 17 de abril, as ações negociam sem direito ao dividendo.

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A pergunta que fica: está na hora de garantir o dividendo e mais ações da Petrobras? Ou melhor ficar quieto e dar o fora? Reunimos nesta matéria todos os motivos para você avaliar de forma consciente.

O Brent na bacia das almas deve preocupar investidores?

O patamar atual do petróleo Brent divide opiniões entre analistas. Até 15 de abril, estava cotado a US$ 64,67 o barril. Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, explica que nesse patamar atual o petróleo já teve um impacto na redução de dividend yield (retorno em dividendos) da Petrobras.

Ele lembra que no começo do ano, com o barril de petróleo negociado acima de US$ 70, a expectativa da Empiricus era de um dividend yield de 13% para 2025, apenas contabilizando proventos regulares.

Diante da queda e cada vez mais próximo dos US$ 60 o barril, agora o dividend yield projetado da Petrobras ficou mais conservador, de 8% para este ano. “Com o petróleo caindo, esse dividendo será afetado para baixo. O preço da comodity se torna um elemento chave para a definição do dividend yield”, justifica.

O oposto também é verdadeiro, reforça Hungria. Se o preço do petróleo brent se recuperar, seja por retirada de tarifas, corte de produção da Opep+ ou outros fatores, a perspectiva de dividendos volta a melhorar.

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Na Meraki Capital, o analista e sócio Gustavo Poladian, acredita que o preço do petróleo brent mexe com a possibilidade de ter ou não dividendos extraordinários da Petrobras. Ele explica que se o brent se mantiver em US$ 65 até o final do ano, elimina a chance de ter distribuições extraordinárias, porque a fórmula do caixa da companhia deve ficar abaixo da dos dividendos ordinários. “Seria um efeito de menor crescimento global, com aumento de produção dos países da Opep+”, comenta.

Contudo, Poladian garante que, com o Brent a US$ 65, pelo menos os dividendos ordinários serão mantidos, mesmo que implique em um aumento da dívida liquida da Petrobras.

Possibilidade de dividendos extraordinários?

Se o petróleo se recuperar para o patamar de US$ 75 até dezembro, haveria a possibilidade de ter dividendos extraordinários. “A Petrobras terminaria o ano acima do caixa mínimo, mas esse cenário é bem remoto atualmente”, observa.

A sensação é um pouco caótica, mas o investidor não precisa entrar em pânico diante de uma fase ruim. Lucas Lima, analista-chefe da VG Research, lembra que a petroleira possui fundamentos que a tornam resiliente a esses solavancos do petróleo e do cenário externo.

Ele explica que o custo de extração da Petrobras é de apenas US$ 6 por barril. Além disso, a companhia  tem uma estrutura financeira sólida, com endividamento baixo e alavancagem de 1,3 dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

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Segundo Lima, o preço mínimo necessário para que a Petrobras gere valor é de US$ 45 o barril, considerando o portfólio atual e investimentos planejados até 2029. Ou seja, ainda há uma gordura adicional para absorver choques de preço do petróleo sem comprometer a saúde financeira  ou a geração de caixa da empresa. “Esse perfil operacional e financeiro traz resiliência”, opina.

Já Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, acredita que quanto menor o preço do brent, pior para a empresa, mas com o petróleo entre US$ 60 e US$ 70, a Petrobras ainda consegue produzir um bom resultado operacional. “Abaixo desse patamar podem começar os problemas”, alerta.

Margem Equatorial, um sinal de esperança?

A possibilidade de receber a licença do Ibama para explorar a Margem Equatorial, mais especificamente na bacia Foz de Amazonas, que poderia ampliar o a vida produtiva da Petrobras em 30 ou 40 anos, anima os investidores.

A região é conhecida como o do “novo pré-sal do Brasil” e pode favorecer demais a petroleira, que começa a ter declínio de produto a partir de 2030.

Os efeitos, contudo, só serão perceptíveis pelos investidores da Petrobras no longo prazo, apesar de que as ações podem valorizar  no curto com a aprovação e quando identificado o tamanho potencial das reservas da região.

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Poladian, da Meraki, lembra que no plano estratégico da Petrobras já está fixado um gasto com exploração de US$ 3 bilhões até 2029. “Caso haja sucesso na licença, o primeiro óleo só ocorrerá depois de 2030”, comenta. Contudo, ele acredita que o Ibama não vai liberar a licença antes da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém em novembro. “O Brasil vai tentar salvaguardar sua imagem”, aponta.

Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, só vê efeitos da Margem Equatorial na empresa e nos  investidores entre 2030 e 2032. “A Petrobras vai preservar sua capacidade de produção e abrir espaço para uma geração de caixa maior, mas é algo a ser colhido no longo prazo”, justifica.

Dividendos robustos em função dessa Margem, portanto, vão demorar para acontecer.

Como receber um salário com dividendos da Petrobras?

Mas, calma, que sem Margem Equatorial a Petrobras já é uma empresa de sólidos fundamentos que permitem ao investidor viver de renda com dividendos da estatal.

Levantamento de Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, revela  quanto investir nas ações PETR4 para obter uma renda de um salário mínimo (R$ 1.518), de R$ 3500 ou de R$ 7.398,94 – um salário mínimo ideal segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

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A simulação levou em conta a mediana de dividend yield (retorno em dividendos) de cinco anos da Petrobras (PETR4), para trazer um retorno mais conservador e realista ao investidor.

Também foi calculado o tempo de investimento, com aportes de R$ 500 e R$ 1000 todo mês nas ações PETR4, com e sem reinvestimento dos proventos.

Para garantir um salário mínimo de R$ 1.518, por exemplo, o investidor precisaria ter um patrimônio aplicado em Petrobras (PETR4) de R$ 70.797. Se ele não possuir estes recursos, é possível investir R$ 500 todo mês e reinvestir religiosamente os proventos recebidos que conquistará essa renda em 5 anos e 9 meses.

Já se optar por gastar os proventos, mas investir R$ 500 todo mês em PETR4, alcançará o objetivo em 11 anos e 10 meses. Veja simulações abaixo:



 

Vale a pena investir em Petrobras para receber dividendos?

Para a maioria dos analistas consultados pela reportagem vale investir sim, de preferência pagando no máximo até R$ 42,84 pela ação PETR4. Apenas, a Ativa e a Meraki Capital recomendam manter o papel para quem já possui e evitar para quem não é acionista da Petrobras. A maioria dos analistas espera dividendos ordinários e apenas a Ativa leva em conta proventos extraordinários da Petrobras.

Arbetman cita que a Ativa é neutra em Petrobras, mas tem a ação na carteira de dividendos. “Vale a pena, o dividend yield esperado é muito bom e difícil de encontrar semelhante na bolsa”, afirma.

Lima, da VG, reforça que nos preços atuais é uma boa oportunidade para comprar PETR4 de olho no longo prazo – contudo, reforça que é bom fazer aquisições pontuais dado que no curto prazo o cenário é incerto com a guerra comercial e ainda sujeito a muita volatilidade. Veja indicações dos analistas:

O que diz o consenso de mercado?

Levantamento de consenso de mercado do TradeMap com 10 instituições financeiras revela que, apesar da volatilidade, 8 bancos, corretoras e casas de análise recomendam a compra do papel Petrobras (PETR4), enquanto dois indicam manter a ação.

O dividend yield médio estimado pelas instituições para PETR4 em 2025 é de 16,32%. Já o preço-alvo médio, que indica até onde a ação pode valorizar neste ano é de R$ 48,99. Veja recomendações das casas para a Petrobras:

 


Fonte: Estadão E-Investidor – As principais notícias do mercado financeiro

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