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Com chuva de incertezas, nova stablecoin atrelada ao CPI dos EUA busca oferecer proteção inflacionária

Para alguns investidores mergulhados em um mercado marcado pela volatilidade, a busca por estabilidade define o jogo. De olho nesse segmento, a USDi estreia como uma nova promessa no universo das stablecoins. Lançada nesta terça-feira (15), a criptomoeda tem o objetivo de proteger o poder de compra dos investidores ao resistir aos efeitos da inflação.

Criada pela USDi Partners — empresa fundada por Michael Ashton, Andy Fately e Susan Joseph —, a USDi é um ativo cujo valor busca acompanhar o poder de compra do dólar, ajustando-se pela variação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA a partir de dezembro de 2024. Nesta terça, ela era cotada a US$ 1,00863.

Nos EUA, a proteção contra inflação existe desde 1997 com os TIPS — os títulos do Tesouro americano atrelados ao CPI. Mas, como se tratam de papéis de renda fixa, eles acabam sofrendo perdas quando os juros sobem.

Ashton, que começou a trabalhar com investimentos ligados à inflação no Barclays Plc no início dos anos 2000, explicou à Bloomberg:

“O ativo sem risco atualmente não existe, e isso seria o dinheiro vinculado à inflação,” disse. “Manter dinheiro é como ter uma opção sobre oportunidades futuras, e o custo dessa opção é a inflação. Se você cria dinheiro vinculado à inflação, isso representa o fim da linha de risco”.

Uma stablecoin que segue o CPI

A USDi Partners pretende cunhar e queimar tokens com base no valor diário da moeda, calculado a partir do CPI — da mesma forma como funciona o ajuste do valor principal dos TIPS. 

Apesar de o índice oficial ser divulgado apenas uma vez por mês, os investidores usam dados interpolados para estimar o valor diário. 

Na prática, a USDi é atualizada com um atraso de dois meses. Em 15 de abril, por exemplo, o cálculo leva em conta a média entre os CPIs de janeiro e fevereiro, sempre tendo como base o índice de dezembro.

Diferente das stablecoins tradicionais, que mantêm paridade direta com o dólar, a USDi quer refletir a variação da inflação.

O conceito lembra a unidade de fomento do Chile — uma moeda contábil ajustada pela inflação, mas que não circula. A USDi, por sua vez, será negociável e contará com um fundo de reserva próprio, administrado por Ashton.

Esse fundo, que será gerido em paralelo ao Enduring US Inflation Tracking — voltado para investidores qualificados desde 2021 —, inclui TIPS, dívida pública dos EUA e derivativos cambiais e de commodities, tudo sem alavancagem.

Token on-chain, lastro off-chain

Ao contrário dos tokens algorítmicos, cujo valor depende do desempenho dos ativos que os lastreiam, a USDi segue uma estrutura diferente. Seu fundo de reserva não está preso a um blockchain, e o valor do token é independente do rendimento desses ativos, segundo Ashton.

A moeda é, na prática, uma obrigação primária da USDi Partners. Caso o fundo de reserva se esgote, outros ativos da empresa poderão ser usados para honrar os saques.

O funcionamento será direto: os responsáveis pela USDi vão cunhar ou queimar tokens de acordo com o valor diário da moeda, com uma taxa de transação entre zero e 1 ponto-base, dependendo do volume negociado. A capitalização de mercado será flexível, sem valor mínimo exigido.

A emissão e o resgate dos tokens será feita diretamente com instituições, em troca de dólares. Investidores qualificados terão acesso ao produto por meio de formadores de mercado — ainda não nomeados — autorizados a operar os tokens. 

A USDi será negociável na blockchain ethereum (ETH) e poderá ser convertida em USDC, a stablecoin gerida pela Circle.

Para Andrew Fately, a proposta da USDi é algo próximo de uma taxa de câmbio pessoal.
“A taxa de câmbio da sua vida é baseada no tempo. Em qualquer momento, você estima uma taxa base, e à medida que os preços sobem, sua taxa de câmbio pessoal é desvalorizada”.

*Com informações da Bloomberg

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Fonte: Seu Dinheiro

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