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O Ibovespa é um índice de referência ‘ruim’ para o investidor?

Se o investidor quiser sentir o “humor” do mercado, basta acompanhar “o sobe e desce” de cada pregão do Ibovespa. Considerado o mais importante da B3, o índice mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Valores brasileira, como Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3). Contudo, quando o critério é rentabilidade, os resultados do IBOV deixam a desejar – até mesmo no longo prazo – em comparação a outros indicadores importantes do mercado.

Um estudo realizado pela Tag Investimentos, gestora com R$ 14 bilhões sob gestão, mostra que o Ibovespa tem o pior desempenho histórico em comparação a índices, como CDI, IFIX, IMAT (índice de materiais básicos), IDIV (índice de dividendos), IBLV (índice de baixa volatilidade), IFNC (índice do setor financeiro0) e o IEE (índice de energia elétrica). Além disso, ainda apresenta alta volatilidade.

De 2010 até janeiro deste ano, o IBOV subiu 82% com uma volatilidade anual de 23,56% no acumulado do período. Já o IFIX, que reúne os principais fundos imobiliários da B3, registrou um avanço de 202,06%, enquanto sofreu uma variação anual de preços na ordem de 7,95%.

Veja a performance do Ibovespa vs outros índices de mercado

Ativo Retorno desde 2010 Ativo
Retorno desde 2005
CDI 254,03% IBLV 628,91%
Ibovespa 82% Ibovespa 275,23%
IFIX 202,06% IDIV 809,07%
IHFA 286,52% IEE 728,61%
IMA-B5 336,05% IFNC 555,77%
50% IBLV + 50% IDIV 237,10% 50% IBLV 50% IDIV 719,37%
Fonte: Tag Investimentos

Ao considerar a performance do Ibovespa desde 2025, o resultado chega a 275,23%, mas ainda assim permanece distante dos outros índices de bolsa,  como IDIV, IEE, IBLV e IFNC. Esse grupo registrou valorizações de até 815,02% durante o mesmo período, com uma volatilidade inferior ou similar ao do IBOV. Para a TAG Investimentos, os números trazem uma conclusão: o Ibovespa é ineficiente como benchmark (índice de referência).

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Há uma explicação para isso. No Brasil, ao contrário da maioria dos países com macro normal, a maior parte do retorno vem de dividendos e não da apreciação de capital, segundo a análise da gestora. Por esse motivo, um índice composto por 50% do IBLV e 50% por IDIV seria mais apropriado para a realidade do mercado brasileiro.

Isso porque, na percepção da Tag Investimentos, a combinação das duas carteiras teórica proporcionaria uma estabilidade aos portfólios e reduziria as perdas em momentos de crise de econômica. “Empresas do IDIV tendem a apresentar margens sólidas, alto ROE/ROIC e maior previsibilidade de lucros, enquanto o IBLV seleciona companhias menos voláteis, favorecendo retornos mais sustentáveis”, ressalta a gestora.

Atualmente, o Ibovespa possui 87 ações, que respondem por 80% do volume financeiro do mercado de capitais, em sua carteira teórica de ativos. Já as alterações na composição do índice são realizadas a cada quatro meses e um dos critérios para a seleção dos ativos é que a ação não seja uma “penny stock”, cujos valores são abaixo de R$1.

Sobra a possibilidade de mudanças na seleção das empresas para compor o índice de referência da bolsa, a B3 informou ao E-Investidor que é natural que outros índices, como os citados no estudo da Tag Investimentos, tenham retornos distindos devido às características dos critérios de seleção e das ponderações de cada ativo na carteira.No caso do Ibovespa, a bolsa de valores brasileira disse que o índice de negociabilidade (IN) “não é usado como critério de ponderação na metodologia do IBOV”

Retorno da bolsa vem com dividendos?

A conclusão dos gestores da TAG Investimentos trouxe uma mensagem importante para o investidor: direcionar os aportes para as ações boas pagadoras de dividendos e menos dependente aos ciclos econômicos. Ainda de acordo com o estudo, as companhias com os maiores retornos anualizados costumam ter baixa volatilidade e entregam retornos “medianos”. Taesa (TAE11), Ambev (ABEV3) e Klabin (KLBN11) elencam como exemplos de empresas com esse perfil “Nunca as melhores, mas também nunca as piores. Estabilidade é o nome do jogo”, destaca a gestora.

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Contudo, apenas alocar o seu capital neste tipo de ação não será suficiente para ter sucesso na bolsa de valores. Louise Barsi, economista e sócia fundadora do AGF, diz que o grande “segredo” está no reinvestimento dos dividendos acompanhado pelos aportes periódicos. Com essa estratégia de investimentos, ela diz que o investidor se beneficia dos efeitos dos juros compostos ao longo dos anos que potencializam os retornos na carteira de investimentos.

“Para investidores de longo de prazo, o Ibovespa é absolutamente irrelevante. Isso porque o índice é muito concentrado em empresas relacionadas à commodities e a principais bancos. Algumas dessas empresas poderia estar em uma carteira previdenciária, mas o Ibovespa não seria uma carteira funcional”, diz a sócia e fundadora do AGF. Para ela, um portfólio eficiente voltado para dividendos precisa selecionar companhias com um modelo de negócio maduro e resiliente aos ciclos econômicos.

O método “BESTT”, criado pelo megainvestidor Luiz Barsi e repassado pelo AGF, por exemplo, seleciona os cincos setores da Bolsa de valores considerados “à prova de bala” – ou seja, menos suscetíveis aos ciclos econômicos. São eles: bancos, energia, saneamento, seguros e telecomunicações – conheça o método aqui. Para o megainvestidor, as companhias desses setores econômicos oferecem serviços essenciais para a população e costumam garantir bons rendimentos aos investidores de forma regular.

 

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Fonte: Estadão E-Investidor – As principais notícias do mercado financeiro

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